A solidão é maior que o mundo inteiro. Raça humana que não se abraça, quando
resolve fazer parte da história do outro, a tinta do tinteiro se afasta e as
palavras ressecam. Amarelam-se as páginas que se viram feito caras, feito as
costas, feito as portas que se batem quando são postas as vidas em aberto. Tudo
tem um preço. Nada tem valor. Alguns livros são comprados pela capa, enfeitam
prateleiras, viram alimento para traças. Vendem-se mais dramas e catástrofes
que as fábulas de cor rosa. A tolice do homem está em querer ler na ficção o
que acontece na realidade, porém com doses mais inacreditáveis de sofrimento.
Homeopatas! Sangue nos olhos dos outros é refresco de groselha. O pavor se
pavoneia em chantagem, abre margem para a comoção. Aplaude a plateia. Vítimas
de seus próprios egos, emoção embotada na garganta, chaga sem prego. Jesus nos
salvou mesmo ou se perdeu na gaveta dos dízimos? Diz-me o quê em relação à sua
existência? Está valendo a pena de morte? A cada febre terçã faz-se uma novena.
À própria sorte, que graça teria um bilhete premiado sem que fosse
compartilhada a notícia? Escondem-se os abastados dos interesseiros agora por
cultivarem a ilusão da jactância, o fato é que os pretensos ricos sentem inveja
dos esfarrapados no quesito alma. Ninguém sabe se aturar sozinho, na verdade,
ninguém se quer sem o próximo, que quanto mais aproximado está, aí se
proliferam os defeitos feito baratas expulsas dos ralos. Quando não, as
qualidades são aproveitadas por tempo limitado, manipuladas, pois hoje em dia tudo
é reciclável. Poucos não são os rasos. Raros são os maduros sustentáveis.
Refém
do chefe, do marido, da mãe, da televisão, do partido, da contrapartida, da
contravenção... Viciado em gula, luta no tatame, funkpancadão, aspartame, shake diet, Chuck Norris,
cachaça com ou sem limão... Dependente físico da obesidade mórbida, da foda fora do casamento, do ajuntamento falido, do palavrão
frente às crianças, da moda em 30, 60, 90 sem entrada e sem juros... Afeito a
cheques sem fundo, fundo de poço, ostentação, esteticista, açougue, maltrato
animal, agiotagem fatal, cigarros e Marijuana (foi ela quem disse certa vez
trajando vermelho até os olhos: - Não se chega ao pó senão por mim). Tarja
preta é o remédio para a censura. Quem não tiver pecado que atire a primeira
pedra, pode ser de crack, pode subir o telhado de vidro alheio, pode ser o
equivalente em cacos do seu espelho. É de doer o coração dos mais fracos,
porque os mais fortes só aprenderam a dormir sob efeito de comprimidos. Por um
triz, Rivotril. Uma estaca de vampiro ao menos estanca sangramento.
Morre-se de hemorragia interna ou na internação. Aceitamos só visitas íntimas,
não aceitamos cartão, a porta da área de serviço está aberta a ladrão de strip poker,
negros com micropênis, prostitutas universitárias, freiras lésbicas e padres
pedófilos. Não damos crédito à velhice, pois antes enfrentar a cadeira elétrica
que a de rodas ou balanço. Vaidade com a idade aumenta. Vamos à queda de braço,
que não se dá a torcer. Torcida uniformizada só serve mesmo para bater. Mas
temos esperança que a paz um dia venha em cápsulas.
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