quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Microconto.

Por: Tiago Velasco.


Microconto

Há quem anote pequenos trechos de histórias em cadernos para depois escrever crônicas, contos ou romances. Eu me dou por satisfeito.

Memória ocular

Operou a vista. Da miopia, sobrou apenas o tique de ajeitar os óculos sobre o nariz.

Mundo animal

Primeiro foi um porco. Patos e galinhas em seguida. Os jacarés do mangue não deixavam passar nada. Tinham sonhos ambiciosos. Os bracinhos e perninhas das crianças que brincavam próximas à vala negra. Os dedinhos das menorzinhas enchiam as bocas dos répteis de saliva. O caviar que compensa o mau cheiro da região. Os jacarés sabem esperar. Parados, quase mortos. Economizam energia para o bote certeiro. Delícia. E pensar que antes era tudo um matagal só. Bendito progresso.


A Noiva

Véu, grinalda, chuva de arroz. Jogou o buquê para a futura mulher de seu marido.

Rompimento


O celular vibrou. Mensagem de texto. Apertei o botão. “Vc eh mto ciumento. Nao aguento mais esses ataques no meio da rua. Não respeita ngm. Chega. Pode apagar o meu número do seu cel e me tirar do seu feice. Vc jah eh passado. Acabou de vez.” Dei mais alguns passos olhando para a tela do celular, de cabeça baixa. As pessoas na calçada desviavam para não trombar comigo. Pensei em responder. Cheguei a digitar as primeiras palavras. Desisti. Eu nem tinha namorada.

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