sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A lentidão das palavras do arcanjo ao acordá-la.


Por Bárbara Lia.


“A lentidão das palavras do arcanjo ao acordá-la”

O sagrado despe as ilusões
e abraça as árvores mortas
Suas folhas azul esmaecido
qual manto da Virgem de Cambrai

Os ossos das árvores adoeceram
e elas morreram – azuis -
Antes que tornassem brancos
os seus cabelos

“Até que os serafins acenem com seus chapéus brancos”

Não nasci para resfriar o mundo
Neste lerdo cortejo de omissões
Estas palavras interditas
Suspensas

Não vim quebrar as pernas do sol
Silenciar cada bemol
Não vim para arrebentar o anzol
Do velho de Hemingway

Sou mar e trovão no coração
Nasci para amar sem lastro
Para dançar no pátio
It is my way

“Doce como o massacre de sóis”

Oito canhões na praça de guerra
Apontam para o peixe
Que traz a paz nas guelras
Quatro gaivotas suicidas
Lambem o babado azulado
Do triste mar-flamenco
Lembro um filme de Babenco:
Ana e o vôo
Mariposas no quarto lúgubre
Suas mãos em concha
A esmagar a eternidade insalubre


“Dame el ocaso en una copa!”
.
Velhas estradas bifurcadas
Lentas aparições de fantoches
Nas alamedas do nada

Nenhum comentário:

Postar um comentário